quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O Mitologia Verta Vai mudar de casa!!

Saudações Mitológicas, meus caros!!

Venho aqui deixar aquele Bilhetinho na Porta dizendo "Nos Mudamos" e colocar o novo endereço!

Passamos a fazer parte da família Meia Lua Pra Frente Soco, e estamos no:

http://gamehall.uol.com.br/meialua/category/mitologia-2/


Lá irei manter meus contos semanais e ainda mais!

Como havia prometido o Mit Verta se inovou e criou até um podcast!

O Costelas e Hidromel!

Escutem o primeiro Episódio aqui!

http://gamehall.uol.com.br/meialua/costelas-e-hidromel-001-de-gaia-ao-capitao-planeta/



Mas não ia deixar vocês sem uma lenda que falasse exatamente sobre mudar de casa!

Leiam a aventura de Nuada, o deus Celta, ao ter de mover seu povo para o nosso mundo!

Minha-mao-pela-comida-e-meu-reino-por-uma-mao/


Até a próxima, agora no nosso novo batcanal!

Grande abraço!



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Ano Hercúleo - 01 - Leão de Neméia

Olá meus caros!

Como programado, estamos no final do mês e isso significa mais um trecho na caminhada de Hércules!

Neste conto ele irá iniciar seus doze trabalhos enfrentando o terrível Leão de Neméia!


Espero que se divirtam muito!

Hércules chegou em Micenas com o sol se pondo às suas costas e se dirigiu ao palácio real.

A cidade ainda estava viva com seu comércio, cheio de transeuntes e ambulantes que abriam espaço prontamente quando viram o gigante corpo do herói se aproximar. Um sujeito chegou a lhe oferecer um arco, falando que era feito de uma madeira tão resistente que, ao ser tracionado, mandaria uma flecha a centenas de metros de distância, mas, com um pouco de força, a arma se estilhaçou nas mãos musculosas de Hércules, que apenas riu e devolveu os restos para o vendedor, batendo de leve na própria arma que trazia.

Além de suas armas, Hércules trazia consigo Iolau, filho de seu meio-irmão, Íficles, que daria testemunho de seus feitos, quando retornassem para casa, e teria a oportunidade de se desenvolver pessoalmente ao acompanhar e observar o tio.

Nos portões imensos do palácio, Hércules foi barrado pelos guardas, que demandaram que ele aguardasse até ser recebido pelo Rei Euristeu.

Euristeu era uma criatura na forma de homem que somava tudo que não deveria ser esperado de um monarca, suas feições eram feias, moldadas num corpo pequeno e fraco, com a voz esganiçada de uma velha bruxa e capaz de tantas crueldades quanto a mesma, além de ser um covarde e mentiroso sem igual, de modo que, ao se abrirem os portões, o rei avistou apenas a silhueta do herói colossal, contra o sol vermelho do poente, e debandou para seus aposentos, onde ficou chorando, lamuriando e pensando numa forma de se livrar de tal monstruosidade até pegar no sono.

Hércules, no receio de perder a oportunidade de se redimir, mandou Iolau conseguir um quarto para si na cidade e aguardou, sentado junto à entrada do palácio, por uma exigência ou missão.

Enquanto o herói aguardava noite à dentro, os sonhos de Euristeu eram invadidos por Hera, que mostrou uma criatura terrível, considerada imbatível, e cujo rugido fez o rei acordar aos berros de desespero quando o sol estava nascendo, berros que se tornaram uma risada maléfica, antes do rei recompor a pouca postura que possuía e chamar por seu serviçal.

Copreu, cuja índole era perfeitamente representada pelo seu nome, que significava “esterco”, recebeu as instruções do rei e se dirigiu até os portões, se deliciando a ponto de salivar com a oportunidade de dar ordens à um herói renomado como Hércules. Ao se deparar com o guerreiro, o mensageiro inflou o peito, se empertigou até sua máxima altura, que mal chegava aos cotovelos do gigante, e cuspiu numa voz seca e arrogante que aquele a serviço do ilustríssimo governante de Micenas deveria se retirar e retornar apenas com alguma prova de que havia aniquilado o aterrador Leão que atormentava o vilarejo de Neméia.

Ignorando os maus tratos do mensageiro, Hércules se virou e seguiu para seu destino, se sentindo tranquilo, pois já havia matados leões antes, não teria problemas de acabar com mais um.

Ao chegar, pensou ter encontrado a aldeia vazia, com as casas fortemente trancadas, janelas embarreiradas e ruas desertas, porém, com o cair do dia, viu que tímidas luzes eram acesas dentro de cada construção.

Sem demora, Hércules bateu em uma das residências, questionando se não poderia entrar, mas foi imediatamente rejeitado por uma voz masculina e adulta que alegava estar na época do leão sair de sua cova para comer, o que fazia uma vez por semana, e que o forasteiro deveria fugir o mais rápido possível, uma vez que nenhum habitante seria louco de abrir suas defesas para abrigar um estranho.

Ao perguntar de onde vinha tal besta, pois queria encontrá-la, o gigante, após um silêncio desconfortável, foi direcionado para a floresta ao sul da aldeia e avisado que era desperdiçar sua própria vida buscar embate com um monstro terrível como o Leão.

Hércules sabia que a outra opção era viver com a morte de seus filhos sobre seus ombros e nunca havia temido uma boa batalha, então seguiu para fora da cidade, onde avistou uma oliveira frondosa, próxima à casa de um velho que empilhava lenha do lado de fora.

Questionando o que o velho estava fazendo, este o respondeu que todas as semanas, desde que se mudara para fora da vila de Neméia, ele acendia uma fogueira em sacrifício à Zeus, que o protegia dos ataques do Leão.

Hércules quis saber porque o mostro era tão temido e descobriu que ele havia nascido de Tífon e Équidna, dois monstros poderosíssimos. O Leão era um pouco maior que outros de sua espécie, mas muito mais pesado e rápido, o que o tornava muito mais forte, além de ter um rugido tão poderoso que podia ser ouvido à quilômetros de distância, mas a fera ainda possuía uma característica mais inacreditável que todas as outras somadas, sua pele era tão resistente que nenhuma arma mortal poderia feri-la, tornando-o invulnerável.

O herói começou a compreender porque haviam lhe dado esse trabalho e qual era o real intuito de Euristeu...matá-lo. Porém, sem vacilar por um instante sequer, Hércules pediu a frondosa oliveira para o velho em troca de eliminar o leão.

Acreditando estar fazendo a última vontade de um homem condenado, o ancião aquiesceu, e viu com enorme surpresa o guerreiro arrancar a árvore do solo com apenas umas das mãos e, com grande habilidade, quebrar e arrancar os galhos até ficar com uma formidável clava, de altíssima qualidade pela dureza da madeira.

Colocando a arma no ombro, pediu que o velho aguardasse seu retorno para fazerem juntos um sacrifício à Zeus. Quando retomou sua capacidade de falar, após a demonstração da força de Hércules, o dono da casa perguntou o que deveria fazer caso ele não voltasse e foi requisitado que, caso o herói não voltasse em trinta dias, deveria fazer um sacrifício funeral, para que sua alma vá tranquilamente para o hades.

Hércules caminhou por dois dias até encontrar os primeiros rastros, pegadas grandes e profundas, além de espaçadas, mostrando os enormes saltos que o felino dava, dificultando o trabalho de serem seguidas, mas o guerreiro era também um ótimo caçador e encontrou em poucos dias o leão dormindo numa clareira.

Se aproximou sorrateiramente o máximo que pôde e disparou a sua primeira flecha, acertando entre os olhos cerrados, mas ricocheteando sem causar ferimentos. A segunda flecha atingiu o pescoço e voou para longe, fazendo apenas o animal se coçar, como se atormentado por uma chata mosca.

Nesse tempo, Apolo já estava quase no ponto mais alto de sua trajetória e com a luz e calor intensos o leão acordou, se agitou levemente olhando em direção ao sol, como se praguejasse ter sido atrapalhado, e começou a caminhar lentamente mata a dentro.

Hércules seguiu a fera até que esta entrou em uma cova no chão, onde provavelmente retomaria seu descanso, e o filho de Zeus decidiu que iria ficar aguardando o leão sair da toca, uma vez que, no seu interior, ele não teria espaço para manusear sua clava.

Por um dia o guerreiro aguardou em vão, pois, quando o sol atingiu novamente seu ápice, ele escutou o Leão rugindo em um outro ponto da floresta, um som tão poderoso que fazia as folhagens das árvores vibrarem em direções contrárias ao vento.

Acreditando que deveria ter cochilado durante a noite e, somado ao escuro, a fera poderia ter saído desapercebida, Hércules se escondeu atrás de uma pedra próxima, disposto a atacar quando a criatura estivesse para entrar em sua toca, já que sabia não ser capaz de alcançar o local de onde vinha o som antes que o Leão se movesse para outro lugar.

Por três dias e três noites o gigante vasculhou atentamente o horizonte, mantendo sua atenção o mais focada possível, mas foi surpreendido com o felino saindo da gruta, se abaixando para pegar impulso e dando um salto inigualável que o fez sumir entre as folhagens.

Após pensar sobre isso e tendo a certeza que não havia dormido dessa vez, Hércules se deu conta de que a cova deveria ter uma segunda entrada, a qual encontrou após algumas horas de busca.

Pretendendo encurralar sua presa e utilizando de sua força divina, selou a outra entrada com enormes pedras e correu para seu esconderijo onde aguardaria novamente o Leão.

Quando a tarde estava se aproximando do fim, Hércules pode ouvir os rugidos e gruídos irritados da besta, que deveria ter acabado de descobrir o acesso bloqueado. Minutos depois, o guerreiro viu o leão surgir entre as folhagens, mas, como já estava quase escuro e seu adversário estava atento e irritado, ele decidiu que o deixaria entrar em sua toca e o pegaria desprevenido assim que saísse no outro dia, pois também estava cansado de ficar tantas noites em claro.

O instinto do gigante o acordou quando os primeiros raios de luz despontaram no horizonte e ele se aproximou da caverna, tentando descobrir se o mostro já estava desperto. Conseguiu escutar, no fundo da gruta, o leão bufando e arranhando, provavelmente tentando remover as pedras, então Hércules correu para a outra entrada onde viu que um dos blocos já havia sido rolado para fora, deixando uma abertura.

Rapidamente, o guerreiro recolheu galhos secos, ateou fogo neles e os jogou para dentro do buraco. A cova, com o vento a favor, acabou se tornando um enorme cachimbo, jogando toda a fumaça dos galhos para dentro.

Hércules, usando de toda a sua velocidade, correu para a primeira entrada e ficou apostos com sua clava em riste, até que a fera saiu tossindo e com olhos vermelho, faiscando de ódio. O golpe da clava foi certeiro e tremendo contra o crânio do felino, fazendo toda a terra retumbar, mas a pele invulnerável cumpriu seu papel e o que foi estilhaçado foi apenas a arma, que rachou de ponta a ponta.

No entanto, a força hercúlea havia sido suficiente para atordoar o animal, que cambaleava sem conseguir se manter firme em pé, dando a oportunidade do herói saltar em suas costas e impedir sua respiração numa poderosa chave de pescoço.


O Leão se debateu por muitos minutos, numa disputa de resistência e força, mas em vão, pois o filho de Zeus saiu vitorioso, largando o corpo inerte no chão e caindo sentado de exaustão, pelos poucos dias de sono e muita luta.

Após descansar, Hércules decidiu que não haveria prova maior de sua conquista do que levar a própria carcaça de volta a Micenas, mas a viagem estava se mostrando longa e penosa, uma vez que a criatura pesava muito mais que um leão qualquer, e levou dias apenas para chegar na casa do velho, que preparava uma pira funerária em seu jardim, com um boneco de palha surpreendentemente parecido com Hércules em seu topo. Um mês havia se passado, desde que saíra daquela casa.

Vendo o Herói ao longe carregando o corpo do animal, o velho deu um grito de surpresa e júbilo e comentou que ele não precisaria ter trazido tal prova, pois acreditaria na palavra do semi-deus.

Hércules então explicou que deveria levar uma prova física de sua vitória para o Rei Euristeu, quem exigira a caça, mas não tinha ideia de quanto tempo levaria, pois a única comprovação que possuía era o próprio corpo do leão, que pesava mais que um enorme bloco de rocha.

O velho então sugeriu que o leão fosse esfolado, como fizera tantas vezes para tirar o couro de seus bois, mas Hércules explicou que a invulnerabilidade ainda estava ativa na pele da fera e que havia gasto todo o fio de sua faca tentando chegar na carne, em diferentes pontos.

De qualquer modo, seria uma viagem terrível até Micenas, pois o corpo da fera já estava começando a exalar o cheiro da morte, que não só se tornaria insuportável quanto atrairia todo tipo de carniceiro para o herói. Então decidiram que iriam achar uma forma de terminar o trabalho.

Foi durante a refeição matinal no dia seguinte que o velho teve uma ideia, por que não usar as poderosas garras do leão, para rasgar sua própria pele?

Hércules rugiu de alegria quando a garra penetrou, com dificuldade, na pele, fazendo escorrer o sangue negro e coagulado. Levaram quase dez dias para retirar a pele e curti-la, mas no final o prêmio fez valer o esforço. O Guerreiro poderia vestira a pele como uma capa e poderia viajar rapidamente.

Após queimarem os restos do leão de Neméia em sacrifício a Zeus, Hércules se despediu do velho e partiu, pedindo para que ele espalhasse a notícia de que não só o vilarejo quanto toda a região estavam livres dos constantes ataques.

Sem a carga, o herói chegou aos portões de Micenas em poucos dias de marcha, onde jogou a pele gritando pelo Rei. Euristeu enviou Copreu para confrontar Hércules, e correu para seus aposentos gritando quando viu a cabeçorra do felino mítico.

Copreu, jogando a pele de volta para Hércules, ordenou-o a aguardar na taverna onde seu sobrinho estava até ser convocado para um novo trabalho, mas admitiu, muito a contra gosto, que aquela missão havia sido cumprida.

Euristeu não saiu de seu cômodo, pegando no sono quase rouco de tanto gritar de ódio e medo, e naquela noite Hera invadiu seus sonhos novamente.

Continuaremos no final de fevereiro com o próximo trabalho!

Saudações mitológicas e até a próxima!